Petrúcio Amorim escreveu, Flávio José gravou e o Nordeste cantou 

Por Fábio Medeiros 

Não sou forrozeiro, mas acho o forró e as suas tradições uma das manifestações culturais mais lindas do planeta. O cancioneiro e o imaginário do São João nordestino estão impregnados em nós, que nascemos e vivemos aqui no Nordeste, como a alma está ligada ao corpo. 

Flávio José é parte desse imaginário, assim como são Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, Marinês, Alcymar Monteiro, Biliu de Campina entre tantas e tantos outros. E o forró é uma expressão cultural tão genuína quanto o Reaggae, o Samba, o Tango ou o Sertanejo.

Mas nenhum destes argumentos são suficientes para fazer parar a máquina de gentrificação da maior festa popular nordestina. Não bastam os 30 anos de carreira e mais de 25 discos gravados por Flávio José para conter a sanha do ‘jovem cantor sertanejo de sucesso’ em querer roubar a cena. 

É preciso constranger publicamente um dos maiores nomes vivos da tradicional música popular nordestina na sua própria casa, na festa que este ajudou a construir e que celebra a identidade do seu povo. 

Não é somente a ética com o dinheiro público que está em jogo mas, principalmente, os conceitos de festa popular e de tradição cultural.

🖼 Mulinga

Fabio Medeiros

Jornalista. Escreveu para o Cidade Paraíba entre junho de 2022 e setembro de 2023.

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