Por Fábio Medeiros
Não sou forrozeiro, mas acho o forró e as suas tradições uma das manifestações culturais mais lindas do planeta. O cancioneiro e o imaginário do São João nordestino estão impregnados em nós, que nascemos e vivemos aqui no Nordeste, como a alma está ligada ao corpo.
Flávio José é parte desse imaginário, assim como são Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, Marinês, Alcymar Monteiro, Biliu de Campina entre tantas e tantos outros. E o forró é uma expressão cultural tão genuína quanto o Reaggae, o Samba, o Tango ou o Sertanejo.
Mas nenhum destes argumentos são suficientes para fazer parar a máquina de gentrificação da maior festa popular nordestina. Não bastam os 30 anos de carreira e mais de 25 discos gravados por Flávio José para conter a sanha do ‘jovem cantor sertanejo de sucesso’ em querer roubar a cena.
É preciso constranger publicamente um dos maiores nomes vivos da tradicional música popular nordestina na sua própria casa, na festa que este ajudou a construir e que celebra a identidade do seu povo.
Não é somente a ética com o dinheiro público que está em jogo mas, principalmente, os conceitos de festa popular e de tradição cultural.
🖼 Mulinga