Mostras em cartaz no Espaço Cultural discutem subjetividades femininas e outras formas de abordar o corpo feminino na arte
Numa primeira olhada, de relance, temos a impressão de que estamos em mais uma exposição de arte, apenas. Passeando pela galeria começamos a conectar os fios que tecem a mostra coletiva “Em Nosso nome I’ e as problemáticas que cada um dos trabalhos nos revela. Seguimos obcecados pela representação do corpo e da paisagem como parte do nosso entendimento da vida e do mundo ao redor, seja de forma realista ou abstrata, e em qualquer que seja o suporte ou linguagem utilizados. Mas, quando falamos de trabalhos que problematizam a representação, torcendo e contorcendo a realidade, temos acesso a um conjunto de visões que, somente por meio da arte, podemos escapar ao controle social e nos libertar dos dogmas estéticos.
No conjunto das obras expostas na galeria, a representação da figura feminina, seja de uma criança ou de uma mulher adulta, não está mais atrelada aos padrões vigentes na arte e na sociedade do século XIX. Ao contrário, a representação que temos é de um feminino que se desvencilhou de amarras históricas como a escravidão e a submissão. Nenhuma das obras, em exposição, parece ter sido feita para enfeitar e embelezar, apenas, mas, antes, para comunicar uma ideia de que o feminino existe, resiste e se revela por meio da sua própria condição e visão de mundo. Não é mais sobre aquele feminino que procura o seu lugar no mundo pensado e construído pelo patriarcado. É sobre o feminino que se reinventou no século XX e, nesse começo de milênio, dá e tira as suas próprias cartas no jogo da vida.
No espaço expositivo Alice Vinagre, uma série de fotografias, na sua grande maioria em preto e branco, também nos revela corpos emancipados esteticamente e desconstruídos politicamente a partir de uma tomada de consciência. São corpos que renunciaram à mera condição de instrumentos de manipulação e opressão pelas estruturas e pelos padrões vigentes. A predominância do preto e branco produz um efeito expressionista em nossa mente realçando a subjetividade das imagens. Juntas, a luz e a sombra nos revelam a poética que está nas dobras do corpo, nas marcas da pele, nas rugas dos rostos e nas expressões de olhares que testemunharam as dobras do tempo. As duas mostras parecem dizer muito mais sobre a condição da mulher no mundo do que sobre uma representação do mundo em que elas vivem.
A curadoria das exposições é da Artista Visual Cris Peres. Participam da mostra Em Nosso Nome I as artistas Alena Sá, Analice Uchôa, Ariana Atanazio, Aurora Caballero, Célia Gondim, Cintia Viana, Cris Peres, Cristina Resende, Cristina Strapação, Conceição Mullena, Dayze Euzébio, Karla Noronha, Kleide Teixeira, Layla gabrielle, Li Vasc, Lígia Emanuelle, Lilia Tandaya, Lu Maia, Luiza Bié, Marcela Lopes, Márcia Carvalho, Margarete Aurélio, Marília Riul, natália Di lorenzo, pri Witch, Tham Toscano e Vanessa Oliveira.
Em Nosso Nome II: Amanda Aparecida, Danielly Inô, Dayze Euzébio, Elizabeth Ferreira, Inaê Lima, Karla Noronha, Kleide Teixeira, Luana rodrigues, Marília Cacho, Morgana Ceballos, Naiara Cavalcanti, Natália Di Lorenzo, Sara Andrade e Vanessa Oliveira.
Serviço: As exposições ficam em cartaz até o dia 31 de maio e a entrada é gratuita. Para mais informações sobre horários e agendamento de visitas acesse https://funesc.pb.gov.br/conheca-a-funesc/Galeria