França dos intelectuais

Rua de Mão Única, por Eduardo Augusto

Livro mostra algumas das décadas mais ferozes do pensamento humano

A Editora Estação Liberdade, em 2021, começou mais uma empreitada, agora com o pensamento francês, A Saga Dos Intelectuais Franceses, projeto em dois volumes, empreendido pelo autor François Dosse, espistemologo da história. Um livro de fôlego, que mostra algumas das décadas mais ferozes do pensamento humano que tem a tradução de Guilherme João de Freitas Teixeira.

O autor

Dosse nasceu em Paris (1950), estudou sociologia e história na Universidade de Vincennes – Paris VII, desenvolveu seu doutorado na área de teoria da história e historiografia. Especializado em história intelectual, integra o quadro docente do Instituto de Estudos Políticos de Paris desde 1994, é professor de história contemporânea da Universidade de Paris-Est Créteil – Paris VII e pesquisador associado do Instituto de História do Tempo Presente – Paris VII. 

Dosse é consagrado pelos trabalhos biográficos de nomes da envergadura de Paul Ricœur, Cornelius Castoriadis, Pierre Nora e Michel de Certeau e por uma das mais completas obras sobre o estruturalismo, que traz luz aos acontecimentos do pós-guerra, a evolução das ideias e o desenvolvimento das figuras mais proeminentes de um período no qual o mundo pedia urgência e aceleradas transformações.

A obra

Dividida em dois volumes, o primeiro vai do fim da segunda guerra até 1968, onde Dosse cobre os anos de Camus, Sartre e Beauvoir e suas controvérsias: comunismo e suas desilusões, revolução chinesa e cubana, guerra da Argélia e o Terceiro-Mundo. 

Já no segundo volume, que vai de 1968 a 1989, Dosse constrói um panorama das utopias da esquerda ao combate contra os totalitarismos. As lutas decoloniais, a ecologia, o feminismo e as fragmentações da década de 1980, marcada pela crise do futuro e a predominância das ciências socias e as jornadas de maio de 68.

Esses são alguns dos pontos abordados por Dosse nessa vasta obra sobre o pensamento francês e da Europa, durante este período de efervescência, que nos  deu nomes como Sartre e Lévi-Strauss, Foucault e Lacan, Barthes e Derrida. Uma obra profunda, que faz um panorama da evolução das ideias, esperanças, ilusões e a desesperança com futuro, que invadiu uma geração que viu a barbárie de perto.

Lançada na França em 2018, recebeu o prêmio Eugéne-Colas em 2019, concedido pela Academia Francesa. Dosse constrói um caleidoscópio habitado por personagens, obras e acontecimentos que marcaram a história, não apenas na Europa, mas da humanidade. Com uma narrativa que convida o leitor, François Dosse nos brinda com um monolito contra o negacionismo e uma Ode às Ciências Sociais, tão atacadas. Não perca tempo, a leitura é imprescindível!

🖼 Divulgação

Eduardo Augusto

Eduardo Augusto é graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), é pesquisador da obra do artista visual José Rufino. Livreiro velho que tem seu império de poeiras magicas cumuladas em seus livros e discos.

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1 Comment

  1. Parece bem instrutivo. Principalmente pelo fato de apresentar ideias, pensamentos de pensadores tão importantes para a atualidade. E também por mostrar essas discrepâncias entre os anos pós guerra, e a mudança de foco social no período do novo imperialismo, que se apresenta tão exacerbado a partir dos anos 1970! Isso em minha humilde e leiga percepção.

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