Língua Nativa: Uma exploração fascinante do poder da linguagem

Livro é um convite aos leitores a refletirem sobre o poder da linguagem em suas próprias vidas e como ela influencia suas relações

Rua de Mão Única, por Eduardo Augusto

Língua Nativa, escrita por Suzette Haden Elgin, pseudônimo de Patricia Anne Wilkins, é uma obra literária cativante, que mergulha o leitor em um mundo onde a linguagem é uma ferramenta poderosa e reveladora. Publicado, originalmente em 1984, este livro é uma joia oculta no gênero da ficção científica, oferecendo uma abordagem inovadora para a comunicação e a compreensão humana. Até então inédito no Brasil, chega agora aos leitores brasileiros numa edição primorosa da Editora Aleph, traduzida por Jana Bianchi

A história se passa em um futuro distante, no qual os conflitos entre homens e mulheres atingem emoções incontroláveis. A protagonista, Nazareth Chornyak, é uma linguísta que desenvolve uma língua artificial chamada láadan, com o objetivo de empoderar as mulheres e construir uma sociedade mais justa. Através de sua jornada, somos apresentados a uma narrativa que explora a relação entre linguagem, poder e identidade.

Elgin cria um mundo fictício rico e convincente, no qual as nuances da linguagem são meticulosamente exploradas. A autora demonstra um profundo conhecimento linguístico ao discutir as complexidades da comunicação, utilizando termos técnicos de maneira acessível e envolvente. Ela utiliza exemplos práticos e situações do cotidiano para ilustrar como a linguagem molda a percepção do mundo e o papel das mulheres na sociedade.

Além da riqueza linguística, Língua Nativa também aborda questões sociais e políticas relevantes. Através da lente da ficção científica, Elgin explora temas como opressão de gênero, desigualdade social e luta pelo poder. A construção do mundo distópico e a crítica social implícita no enredo acrescentam declarações adicionais à história, tornando-a uma leitura significativa e impactante.

Um dos pontos mais fortes do livro é o personagem central, Nazareth Chornyak. Ela é uma mulher dinâmica, inteligente e determinada, que desafia as normas impostas pela sociedade e se esforça para criar uma mudança significativa. Através de seu trabalho com a linguagem, Nazareth Chornyak busca capacitar outras mulheres e dar-lhes uma voz ativa. Sua jornada pessoal é cativante e inspiradora, e é impossível não se envolver com sua luta.

Embora Língua Nativa seja uma obra de ficção científica, sua narrativa vai além do gênero literário. Elgin convida os leitores a refletirem sobre o poder da linguagem em suas próprias vidas e como ela influencia suas relações e sentimos. O livro desperta uma consciência sobre a importância da comunicação e a necessidade de buscar uma linguagem mais inclusiva e equitativa.

Recomendo este livro a todos que se interessam por temas como linguagem, poder, igualdade de gênero e capacidade.

Ficha Técnica:
Título: Língua nativa
Autora: Suzette Haden Elgin
Tradução: Jana Bianchi
Editora: ‎Aleph
1ª edição (10 de maio de 2023)
Idioma: ‎Português
Capa: Dura
Páginas: 440
Categorias: Distopia, Ficção, Ficção Científica
Clássico da ficção científica, Língua nativa mostra o poder da linguagem na luta contra o patriarcado.

🖼 Divulgação

Eduardo Augusto

Eduardo Augusto é graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), é pesquisador da obra do artista visual José Rufino. Livreiro velho que tem seu império de poeiras magicas cumuladas em seus livros e discos.

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